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Duplo Clique | "Ouro Sobre Azul"


A verdade é que se há poucos anos a ficção da TVI se autopromovia como sendo puramente portuguesa, a abertura cada vez maior dos elencos a atores de outras nacionalidades tornou-se bem visível e elogiada.

Uma história de vingança motivada pela morte de uma família, foi assim apresentada aos espetadores portugueses a nova produção televisiva da TVI, estreada no horário nobre de domingo, dia 8 de janeiro. Com uma dimensão internacional assumida, visível desde o elenco aos locais de filmagem, Ouro Verde parece manter, ainda assim, os ingredientes de uma boa história de ficção nacional.

A novela mostrou-se capaz de seduzir a atenção das audiências nos primeiros episódios, certamente graças ao fator novidade, mas também pela narrativa. Aos ecrãs chega a história dramática de Jorge Monforte (Diogo Morgado), um magnata do mercado agropecuário brasileiro que regressa a Portugal 15 anos depois de a sua família ser assassinada às mãos de um banqueiro português (Luís Esparteiro).

Primeiro ponto positivo: uma estreia com acontecimentos focados no drama do protagonista, dando profundidade ao seu passado e motivações através de um enorme flashback, e que não se dispersou na apresentação sumária de outras personagens e ambientes. A certo ponto, o encontrão desastrado entre José Maria Magalhães (primeira identidade assumida por Diogo Morgado) e Beatriz (Joana de Verona), como faísca de uma paixão avassaladora, é que peca pelo terrível cliché.

Diogo Morgado, um dos mais internacionais atores portugueses, e Joana de Verona têm oferecido ao público interpretações exímias, credíveis e apaixonantes. Note-se que todo o naipe de atores de Ouro Verde é de luxo, incluindo Luís Esparteiro e as participações assinaláveis dos brasileiros Sílvia Pfeifer, Cassiano Carneiro ou Adriano Toloza.

A verdade é que se há poucos anos a ficção da TVI se autopromovia como sendo puramente portuguesa, dos guionistas aos atores, a abertura cada vez maior dos elencos a atores de outras nacionalidades tornou-se bem visível e elogiada. Veja-se o exemplo de Graziella Schmitt em Belmonte (2013) e dos atores angolanos que brilharam em A Única Mulher ou até agora em A Impostora, só para dar alguns exemplos. 













Com uma linguagem audiovisual competente e trabalhada com maior aprumo nos primeiros capítulos, como é já imagem de marca das novelas recentes em antena, a nova produção da TVI e da Plural Entretainment chama a si muitos e bons argumentos para ser vista.

Conquistados ou não pelas paisagens deslumbrantes que a novela sobrevoa, das caóticas avenidas do Rio de Janeiro às fazendas verdejantes da Amazónia, os portugueses dirão se Ouro Verde, a nova novela da TVI, é ouro sobre azul na ficção nacional.

Ouro Verde, para ver na TVI, de segunda a sexta-feira, depois de Jornal das 8


Duplo Clique - 89ª Edição
Por André Rosa