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Fantastic Entrevista | Ruy de Carvalho

 ENTREVISTA REALIZADA EM NOVEMBRO DE 2013

Nesta edição do "Fantastic Entrevista" estamos à conversa com o actor Ruy de Carvalho. O ator que em 2013 comemora 86 anos, falou connosco acerca do seu percurso profissional, que começou no teatro. Venha conhecer melhor um dos grandes nomes da representação em Portugal.

Inicia-se no teatro, como amador, em 1942. Acha que a melhor forma de se começar uma carreira no mundo da representação é no teatro?
Eu comecei como amador, mas tive que tirar o Curso  de Teatro no Conservatório Nacional, para passar a profissional. Creio que, quando me disseram que tinha que tirar o curso, foi o melhor que fizeram. A formação é muito importante para um actor. Durante muitos anos, já depois de ter o curso e ser profissional, não era fácil fazer formação. E para mim era ainda mais difícil, porque  já tinha família para sustentar e não era fácil sair de Portugal.

Hoje em dia, acha que o processo é o mesmo?
Acho que hoje as coisas são diferentes e os jovens têm muito mais oportuniddes para fazer formação. Eu já não faço formação, mas não me fazia mal. É muito importante reciclar o que aprendemos ao longo dos anos.
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Lembra-se quando deu o primeiro autógrafo?  
Não me recordo. Mas foi de certeza há muitos, muitos anos. Lembro-me que em 1962, na Mealhada, estive a dar autógrafos as estudantes do liceu local, debaixo de uma enorme chuvada. Eu estava a mudar um penu furado e reconheceram-me. Fiquei todo molhado, mas lembro-me dessa situação particular como se fosse hoje. 

Teve vários projectos em cinema como ''Second Life'' ou ''A Morte de Carlos Gardel''. Como vê o cinema em Portugal?
O cinema português foi, em tempos, um dos cinemas mais prósperos da Europa. Todos nos lembramos dos filmes do António Silva e do Vasco Santana. Depois comecámos a dizer mal do que era feito e o cinema acabou por  morrer. O Manoel de Oliveira e alguns realizadores foram mantendo o cinema português vivo, mas a muito custo.  Hoje temos  bom cinema, mas precisamos de mais. Tem que haver mais ajuda aos cineastas portugueses, que fazem o que podem com o pouco dinheiro que têm. Mesmo assim, com pouco dinheiro, já fazemos cinema muito bom. 

Participou em diversos projectos em televisão que foram um sucesso.  como ''Inspector Max'' é um dos exemplo, tanto que ainda continua em exibição, sempre com muito sucesso. Como vê este destaque dado a uma produção que já tem cerca de 10 anos?
Acho que tudo o que tem sucesso deve estar em destaque. O mais recente e o mais antigo. É claro que as coisas novas devem estar em primeiro, mas nunca devemos apagar o que fizémos bem feito. O "Inspector Max" é um desses exemplos. Também se pode pensar em fazer uma nova série, mas os remakes nem sempre são iguais. É preciso pensar bem nestas coisas.

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Sente por parte do público uma grande admiração?
Acho que sim. Há muita gente que não gosta de mim, por isto ou por aquilo, mas na generalidade eu sou muito acarinhado pelo público. Muita gente não sabe o que é que eu já fiz. Não sabem que cantei, dancei, fiz comédia, tragédia, drama... Enfim, são 71 anos dedicados a uma Arte maravilhosa: a Arte de representar.

Recentemente, foi Inácio Candeias em "Destinos Cruzados". Que balanço faz da novela, que competiu directamente com a SIC na luta pelas audiências?
O importante é que a competição seja salutar. Devemos trabalhar sempre para ser melhores... não é preciso que seja melhores que os outros. Devemos ser honestos no que fazemos e creio que é isso que deve existir entre os canais.. "Vamos trabalhar para dar o melhor aos espectadores". Eles depois escolhem as histórias que mais gostam.

O seu talento já foi várias vezes premiado com Globos de Ouro. Sente que é uma grande forma de reconhecimento por parte do público que vota em si?
Todos os prémios acrescentam mais responsabilidade. Os que são votados pelo público ainda têm mais valor, pois são esses que nos aplaudem ou pateiam nas salas de espectáculos, ou nos vêem ou não nas televisões e cinemas. Os prémios aumentam o respeito que temos por quem está do outro lado do palco.

Depois de vários meses de trabalho, que projetos se seguem?
Estive quase ano e meio a trabalhar, sem descanso, e já não tenho 40 anos ou 50.  Antes aguentava mais. Agora preciso de descansar. Mas espero fazer teatro, a minha grande paixão e mais televisão.

Fantastic Entrevista | T5 -  Edição 12
Novembro de 2013
Entrevista: António Quelhas