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Duplo Clique | "Televisão do presente ligada ao futuro"

 

Duplo clique e já está: um manancial de entretenimento para ver em todo o lado menos na televisão. Para ver no tablet, no smartphone e na smart TV, nos suportes inteligentes, personalizáveis, com muito mais para dar do que a grelha cristalizada dos canais tradicionais. A chegada do Netflix mais não fez do que agitar o mercado, e face a essa ameaça, logo os programadores portugueses se pronunciaram: é óbvio que a televisão do presente tem de mudar. 

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Mudar os géneros, formatos? Menos telenovelas, mais programas de humor? Os conteúdos vão sofrer evoluções, mas hão de corresponder sempre ao que o público quer ver. Porque a televisão é feita de pessoas para pessoas, e nunca antes esse chavão fez tanto sentido. O que vai mudar – e já está a mudar – é a forma de se ver televisão. “Um estudo recente da Accenture comprova que o consumo de conteúdos televisivos de curta duração continua a crescer em suportes conectados pela Internet, ao mesmo tempo que diminui nas televisões tradicionais”, escreve Eduardo Fitas numa coluna de opinião do Público. “Outras formas de vídeo de maior duração, como séries televisivas e filmes, são também cada vez mais visionadas a partir de laptops, smartphones e tablets. Esta é uma tendência poderosa: a televisão perdeu 13% dos seus espetadores neste tipo de conteúdos no ano de 2014”, conclui o autor.
          
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O público consumidor está a tornar a televisão um autêntico secondscreen, por irónico que possa parecer. A RTP foi o primeiro canal português a lançar uma aplicação dessa natureza, a 5i RTP, com o objetivo de complementar a audiência dos dispositivos com as audiências da emissão. O secondscreen permite ao espetador/utilizador aceder a um segundo ecrã onde encontra conteúdos relacionados com o programa que estiver a ver. Por altura do lançamento, Alberto da Ponte assegurou que se tratava da “maior inovação tecnológica dos últimos 10 anos”, permitindo a reconciliação entre o linear e o não linear, juntando “grupos alvo diferentes”. Na verdade, muito do segredo destas aplicações reside na presença e interação dos espetadores nas redes sociais, que cada vez mais as utilizam em concomitância com o ecrã de televisão. Na opinião de Eduardo Cintra Torres, reconhecido especialista na área, “a realização simultânea de várias tarefas mediáticas é própria das novas gerações”, e parecem ser essas, precisamente, as franjas de um público cada vez mais exigente, fracionado e com acesso à informação e à tecnologia.
             
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As chefias dos canais portugueses debatem-se com as ameaças e potencialidades da tecnologia do entretenimento, e estão cientes do trabalho a fazer. O grupo RTP – apesar de ser percebido pelo público como o mais cinzentão e parado no tempo – é o que mais investe na atualização dos equipamentos e foi pioneiro na transmissão em HD. 
           
A preocupação em marcar presença nas plataformas cresce proporcionalmente à de oferecer bons conteúdos. Nesse âmbito, os canais generalistas continuarão, certamente, a dirigir-se a um público envelhecido e fidelizado (na RTP, por exemplo, a programação noturna  atinge indivíduos acima dos 75 anos). O braço de ferro é entre dar o que o público quer e educá-lo para outro tipo de conteúdos. Irão também essas pessoas migrar para as novas plataformas? Veja-se o exemplo de Rising Star (emitido em 2014) e como a convergência mediática foi precoce para a televisão tradicional a que milhões de pessoas estão habituadas. 

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Apesar de 4 milhões de portugueses já possuírem um smartphone e a taxa de penetração do produto estar a crescer, as idades da maioria dos utilizadores oscilam entre os 15 e 24 anos, tal como é variável a classe social. Se a estes dados juntarmos o perfil de um espetador típico da TVI, percebe-se como uma grande fatia de audiência, mais envelhecida e tecnologicamente iletrada, ou sem posses económicas que permitam adquirir aparelhos como os já mencionados, ficou de fora da abrangência do programa. 

Perante a “invasão” de suportes separados da caixinha-mágica (a qual, mais do que um fenómeno causador de estranheza, deve ser vista como uma tendência de consumo), uma coisa é certa: é imperativo que a televisão do presente – sobretudo a televisão nacional – se ligue ao futuro. 

Duplo Clique - 52ª Edição
Uma crónica de André Rosa

Este texto apresenta informações retiradas de


NetFlix vem aí. Canais já pensam em novas formas de dar televisão (Diário de Notícias – TV&Media) http://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=4611699&utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook&page=-1